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Artigo por: Ana Mourão, CENTRA, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
Apesar do seu aspecto sereno e imutável e do agradável calor que nos proporciona, o Sol é na verdade uma poderosa bola de fogo nuclear. Mas… como se formou? Que combustível alimenta este fogo? E o que irá acontecer ao Sol quando acabar o combustível? Ficará o céu sempre escuro?
Comecemos por referir que qualquer modelo teórico que pretenda explicar o Sol tem que estar de acordo com o que se pode facilmente determinar, nomeadamente o raio, a massa, a temperatura de superfície e a luminosidade (energia emitida por segundo). Vejamos então o que se sabe sobre o Sol para perceber a sua origem, evolução e morte.
A Terra dá uma volta em torno do Sol em aproximadamente 365 dias, a uma distância média de 150 milhões de quilómetros. O tempo que um planeta leva a orbitar o Sol está relacionado com a distância a que ele se encontra deste. Ora a força gravitacional entre dois objectos é proporcional às massas desses objectos e inversamente proporcional ao quadrado das distâncias entre eles. Combinando estas informações podemos calcular a massa do Sol, equivalente a 330 mil vezes a massa da Terra. É também possível determinar que o Sol tem um raio médio de 700 mil quilómetros, cerca de 110 vezes o raio médio da Terra e uma temperatura de superfície de aproximadamente 5500ºC.
A energia emitida pelo Sol propaga-se em todas as direcções e dessa energia só uma pequena fracção chega à Terra. A cada metro quadrado das altas camadas da atmosfera terrestre chegam em média 1000 joules por segundo (watt). Recorde-se que 1000 W é a potência de um vulgar aquecimento a óleo. Esta informação é suficiente para determinar que a energia produzida pelo Sol, por segundo, equivale à energia produzida na explosão de muitos milhares de milhões de bombas nucleares.
Mas qual origem do Sol? Qual a fonte da energia solar? O Sol é constituído por hidrogénio (72%), hélio (26%) e ainda uma pequena percentagem de elementos mais pesados (2%). Esta era essencialmente a composição da nuvem de gás a partir da qual se terá formado. De facto, como todas as estrelas, o Sol resultou da condensação e posterior colapso gravitacional de uma massa de gás e poeira que ocupava o espaço interestelar. Como resultado deste processo, formou-se uma esfera de gás. Por acção da força gravítica, essa esfera foi-se comprimindo o que deu origem a um aumento da pressão e da temperatura do gás. Sabe-se também que quando a temperatura de um gás de hidrogénio atinge cerca de 15 milhões de graus centígrados dá-se a ignição de reacções nucleares das quais resulta a fusão de hidrogénio com a produção de hélio e a libertação de energia. O colapso da massa de gás pára quando a nova fonte de energia é capaz de aquecer o gás e assegurar pressão suficiente para manter o sistema em equilíbrio, resistindo à pressão da força gravítica.
Assim, o combustível do Sol é o hidrogénio, o seu principal constituinte. Na parte central do Sol, o núcleo, a temperatura atinge os 15 milhões de graus centígrados. A esta temperatura ocorre a ignição de reacções nucleares da qual resulta a transformação de 4 núcleos de Hidrogénio em um núcleo de Hélio. Como a massa do núcleo de Hélio é cerca de 0,7% inferior à massa total dos 4 núcleos de Hidrogénio livres, aparentemente há uma quantidade de massa que desaparece. Na realidade o que se observa é a transformação desta “massa perdida” (m) em energia seguindo a conhecida a fórmula de Einstein: E=mc2, onde E é a energia libertada e “c” a velocidade da luz no vácuo. Para assegurar a luminosidade solar estima-se que por segundo seja consumida uma quantidade de hidrogénio superior à transportada em 10 mil super-petroleiros carregados. A maior parte desse hidrogénio transforma-se em hélio mas 0,7% é transformada em energia solar.
Pela luminosidade que aparenta, pela massa e pela temperatura de superfície, diz-se que o Sol é uma estrela na sequência principal. Na Figura 2 apresenta-se o diagrama de Hertzsprung-Russell (diagrama HR) que indica os valores conhecidos para as luminosidades e temperaturas de superfície de várias estrelas conhecidas. Este diagrama permite-nos também perceber qual a ligação entre as várias estrelas e como evoluem em função da massa, luminosidade e temperatura. Sabendo a massa do Sol e sabendo a velocidade a que ocorre a queima de hidrogénio, estima-se que o Sol continue mais 5 mil anos milhões de anos a queimar hidrogénio no centro. Apercebemo-nos entretanto que o combustível não vai durar para sempre…
À medida que o Hidrogénio é consumido no centro, a pressão tende a diminuir até que a parte central, não aguentando a pressão gravítica das camadas superiores, tenderá a contrair-se. Numa fase inicial vai ocorrer um aumento de temperatura e do brilho da estrela. Pelas novas características que passa a apresentar, a estrela move-se para fora da região onde se encontrava no diagrama de Hertzsprung-Russell. Mas dois acontecimentos posteriores farão alterar esta situação. O colapso no centro faz aumentar a pressão, a densidade e a temperatura. Quando a temperatura atinge cerca de 80 milhões de graus centígrados e se dá a ignição do hélio, ocorre a queima (fusão) do hélio tendo como resultado a produção de carbono e oxigénio e a libertação de energia. Na camadas exteriores do núcleo continua entretanto a dar-se a fusão de hidrogénio e, posteriormente de hélio.
Parte da energia libertada pela contracção da estrela é absorvida pelas camadas externas que expandem. Nesta fase o Sol ficará mais brilhante porque o raio aumenta. Mas essa expansão consome energia, a temperatura do gás diminuirá e a estrela ficará avermelhada. O Sol irá transformar-se numa gigante vermelha engolindo pelo caminho Mercúrio, Vénus e provavelmente a Terra… As camadas superiores do Sol acabarão por ser expelidas para o espaço interestelar. No meio ficará uma estrela extremamente quente, chamada anã branca e constituída por carbono e oxigénio. A anã branca irá arrefecer lentamente à medida que for perdendo energia por radiação pois as reacções nucleares, que eram a fonte de energia, terminaram quando acabou o Hélio. O material expelido da estrela inicial formará uma nebulosa planetária em volta da anã branca, como a Nebulosa do Anel.
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manuel Freitas disse:
Olá
27/Out/2009, 18:35Gostaria agradecer a iniciativa. É fantástica a passagem na RPT, só lamento o horário e a falta de informação. Por favor, divulgem mais, incluam as escolas primárias, pois é aí que se começa a gostar de olhar para o céu e ver tanta beleza!!!!
Obrigado.
Lina Canas disse:
Agradecemos o seu comentário e iremos continuar a divulgar este projecto o melhor possível, obrigada pelo apoio.
Relativamente aos horários de transmissão, poderá ter acesso aos mesmos em:
projecto.html
Poderá ainda seguir o 1 Minuto no Facebook, Vimeo, Youtube, Twitter.
27/Out/2009, 20:37CONSTANTINO DE SOUSA disse:
CAROS COLEGAS,
SOLICITO RECEBER PROSPECTOS E MATERIAL ADICIONAL SOBRE ENSINO DE ASTRONOMIA.
CORDIALMENTE
27/Out/2009, 20:44PROFESSOR CONSTANTINO DE SOUSA
Lina Canas disse:
Há imenso material disponível sobre ensino de Astronomia, especialmente neste Ano Internacional que decorre. Um bom ponto de partida é certamente o site ficial do Ano Internacional da Astronomia, onde está reunida a maioria das actividades de astronomia a decorrerem por todo o país:
http://www.astronomia2009.org/
Gostaria de salientar o GTTP (Galileo Teaching Training Program), um programa mundial de formação de professores em Astronomia:
http://www.nuclio.pt/projectos/000080.html
Um outro site é sem dúvida o site Oficial Internacional do Ano Internacional da Astronomia:
http://www.astronomy2009.org/
Se deseja saber mais ainda, são inúmeros os sites de organizações NASA, ESA, etc… com secções específicas dedicadas à educação e repletos de actividades muito interessantes a serem aplicadas em salas de aula. Ficam apenas alguns exemplos:
http://www.nasa.gov/audience/foreducators/index.html
http://www.jpl.nasa.gov/education/index.cfm
http://sci.esa.int/science-e/www/area/index.cfm?fareaid=84
Se deseja receber informações periódicas sobre actividades, notícias, etc… todos eles possuem newsletters que o mantêm informado.
27/Out/2009, 10:39inês disse:
olá, tenho que fazer um trabalho de fisico-quimica sobre o sol e quando vi este video adorei e agora vou po-lo no meu trabalho!!!!!!!! ^.^
27/Out/2009, 20:42Lina Canas disse:
No Ano Internacional da Astronomia há imensa informação disponível na internet com material dedicado ao Sol. O link:
http://solarastronomy2009.org/resources/
possui referências a alguns sites com informação importante sobre o Sol.
Esperamos que ajude no trabalho e obrigada pelo comentário.
27/Out/2009, 10:10Pedro disse:
uiii… o sol irá engolir a terra e nós nao estamos nada preocupados com isso até pelo contrário, a terra irá desaparecer o que nao é nada importante mas quando o sol explodir vai criar um ambiente bonito isso realmente interessa -.-’
27/Out/2009, 15:06Lina Canas disse:
Claro que é importante saber que a Terra muito provavelmente vai desaparecer daqui a aproximadamente 5 mil milhões de anos, mas é uma escala de tempo tão grande que acho que podemos levar o assunto de ânimo leve.
E saber que o Sol irá expandir, transformar-se numa gigante vermelha, seguida de uma fantástica nebulosa planetária (são estruturas incrivelmente bonitas, há alguns exemplos espectaculares em: http://hubblesite.org/gallery/album/nebula/planetary/ ) para além de ser muito interessante, é conhecimento. E é através do conhecimento científico que poderemos, quem sabe, no futuro, desenvolver tecnologia para procurar outra casa…
27/Out/2009, 16:02Ana Mourao disse:
Caro Pedro,
27/Out/2009, 0:42sinceramente penso que a maior preocupação, e a mais curto prazo, será não colocar o Homem na lista das espécies em perigo de extinção. As alterações climáticas, muito por acção de seres inteligentes habitantes do planeta Terra, poderão ter consequências catastróficas para a vida nesta mesma Terra. E muito antes de qualquer milhão de anos.